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Por que nos sentimos tão perdidos?
- M11 Marketing e Comunicação
- 15 de jan. de 2000
- 8 min de leitura
Atualizado: 16 de mai.
Como a arte enquanto atributo estrutural da existência humana pode nos aproximar da vida novamente?
por Dr. Caio Akaki Borges Moura
Colunista Dr. Caio Akaki Borges Moura
Escreve a introdução do livro O Novo ser Humano: Mais Saúde Mental na Era Digital". Médico - CRM 217.943 SP e Terapeuta Integrativo, professor de Yoga pela Yoganaya International School e terapeuta sonoro pela Soundfullness Education.
Atua na gestão e aplicação de PNPIC no âmbito da Atenção Primária à Saúde do SUS no município de Santo André.
Writes the introduction of the book O Novo Ser Humano: Mais Saúde Mental na Era Digital.Physician – CRM 217.943 SP and Integrative Therapist, Yoga Teacher certified by Yoganaya International School, and Sound Therapist certified by Soundfullness Education.
He works in the management and implementation of the PNPIC (National Policy on Integrative and Complementary Practices) within the scope of Primary Health Care in the SUS (Brazilian Unified Health System) in the municipality of Santo André.
A busca existencial humana é o principal elemento motivador para a criação e o desenvolvimento da humanidade e todas as áreas do conhecimento. Paralelamente, este mesmo elemento gera inspiração para a arte e a arte é a produção de valor para uma vida, uma existência, pois unifica o desenvolvimento intelectual ao caráter subjetivo do ser humano.
Este significado de caráter profundo e subjetivo, individual, é o que chamo de ambição autêntica, ou a vontade intrínseca que o ser humano traduz em forma de pensamento, ação e disciplina para realizar qualquer feito.
A arte não é somente a criação de obras específicas de expressão da linguagem. É um atributo humano que dá vida e sentido a tudo que se realiza, sendo o motor primordial da vontade, a esperança e o contato íntimo com o presente ao mesmo tempo que cria um futuro mais sustentável e completo, sem estar submetido a ele.
Daí surge o que chamamos de “propósito”, não necessariamente encontrado somente no serviço laboral, como somos tendenciados a acreditar, mas sim, uma motivação que nasce antes de sua reprodução em qualquer área da vida. No campo da saúde, a arte se expressa pela motivação desde o autocuidado, representado pelas escolhas que compõem o estilo de vida, adesão a um tratamento específico (como uma dieta) até as realizações em sua vida individual e pessoal e coletiva nas quais está inserido.
A arte nos desafia a aceitar uma versão individual que não possui referenciais externos, que independe da opinião alheia e, inclusive, só existe quando anula o parâmetro externo. É você sendo você, desprovido de qualquer métrica.
"A arte é a representação da nossa resposta mais alta à vida. "— Agnes Martin
Com a arte ou mesmo uma ideologia/filosofia de vida que permita à pessoa e ao coletivo questionar, criar e produzir novas visões, versões e formatos de sua própria realidade, com base na relação com a natureza, a partir de uma motivação criativa genuína e que não demanda necessariamente a existência de padrões, ambições predeterminadas e convicções, que não fragmenta, classifica ou categoriza, torna-se muito mais orgânico e simples o encontro de um ou mais propósitos, sentidos e significados à vida.
Elimina-se a busca incessante pelo ser/ter (ser mais saudável, bonita, magro, inteligente, capaz / ter mais saúde, dinheiro, objetos, títulos). Pelo contrário, todas essas coisas passam a participar de nossa jornada pela vida de forma a aprimorar o que já somos, temos e compreendemos de nós mesmos, deixando de protagonizar nossas ambições.
A arte faz emergir o senso de autossuficiência e abundância como ponto de partida para áreas que precisam ser aprimoradas, e não a partir do drama da escassez insatisfação do que não se é ou tem.
Assim poderíamos encontrar muito mais motivos, motivos mais reais e viscerais para tomar decisões saudáveis, exercer estilos de vida saudáveis sem que esse processo signifique uma luta conta a balança, o relógio ou o que quer que seja, ou realizar mudanças de hábitos ou vícios, de formas menos agressivas ou confusas. Somente motivações substanciais proporcionam ações efetivas e duradouras. E a arte é substância.
Então, agregamos valor de fato ao processo de saúde. Quebramos o padrão dualista da dor e prazer, do bonito ou feio, do certo ou errado, da busca incessante que nos faz ver o bem-estar e a completude como uma miragem no deserto. Muito mais valor e, portanto, resolutividade, ao considerar a finalidade da saúde para além de inspirações mecânicas, objetivas, mercantis e imediatistas. A prevenção em saúde para além do “desespero diagnóstico” evitando assim a terceirização do bem-estar e do autoconhecimento. E a manutenção da saúde-doença como um processo de descoberta, aprimoramento, aprendizado, desenvolvimento e libertação.
Em um mundo que vivencia um processo de corrida informacional, o novo não tem tempo suficiente para ser digerido e integrado em nossas vidas.
Este é o principal fundamento adoecedor dos tempos atuais, a etiologia da doença social que presenciamos — à medida que vivemos uma vida de estímulos rasos, de caça a tesouros virtuais, como é possível encontrar paz mental, estabilidade emocional, senso de segurança (com o espelho, com a informação, com as relações, com o local onde vivemos e, especialmente, com a nossa própria mente) quando tudo passa e escapa tão facilmente desses universos? O ser humano se encontra à deriva em um oceano tempestuoso de onde eclodem milhares de possibilidades de direção, mas nenhuma delas leva a qualquer destino, se não ao da desatenção, desencorajamento, ineficácia de construirmos uma vida plena. E este processo se revela nas disfunções que observamos — transtornos de ansiedade, depressão, Burnout, TDAH, falta de motivação, vontade e de um estilo de vida industrializado que vem gerando cada vez mais agravos à saúde física e emocional.
Por este motivo uma das respostas para este processo está na arte, ao resgatar no campo íntimo o engajamento com as funções humanas, a expressão, a simplicidade do viver, a liberdade de criação. A arte não necessita dessa quantidade de referenciais com os quais nos deparamos nas telas que reduzem e afunilam nossa experiência com a vida, pois fortalece o que importa e o que é humano: o contato, a profundidade, a leveza, a expressividade e a criatividade.
Abraços,
Dr. Caio Akaki Borges Moura
Redes Sociais: @caioakaki
Divulgação: M11 Marketing e Comunicação
Why do we feel so lost?
How can art, as a structural attribute of human existence, bring us back to life?
The human existential quest is the primary motivating force behind the creation and development of humanity and all fields of knowledge. At the same time, this very element inspires art—and art is the production of value for life, for existence, as it unifies intellectual development with the subjective nature of the human being.
This deep and subjective individual meaning is what I call authentic ambition, or the intrinsic drive that humans translate into thought, action, and discipline to achieve anything. Art is not merely the creation of specific works of expressive language—it is a human attribute that gives life and meaning to all we do. It is the primal engine of will, hope, and intimate presence in the now, while also creating a more sustainable and complete future without being subjugated by it. From this arises what we call purpose—not necessarily found only in professional work, as we are often led to believe, but rather a motivation born before it is expressed in any area of life.
In the field of health, art expresses itself through motivation, beginning with self-care—reflected in lifestyle choices, adherence to specific treatments (like a diet), and through personal and collective accomplishments. Art challenges us to accept an individual version of ourselves that does not rely on external references, that is independent of others' opinions, and that, in fact, only exists when external standards are dismissed. It is you being you, free from any metric.
“Art is the representation of our highest response to life.” — Agnes Martin
This Rain — Agnes Martin, 1958 (The Guggenheim Museum, New York)
With art—or even a life philosophy or ideology that allows the individual and the collective to question, create, and shape new visions, versions, and formats of their own reality based on their relationship with nature, stemming from genuine creative motivation that does not depend on standards, pre-established ambitions, or rigid convictions—it becomes much more organic and simple to discover one or more purposes, meanings, and reasons for living. The endless pursuit of being/having (being healthier, prettier, thinner, smarter, more capable / having more health, money, possessions, titles) is dissolved.
On the contrary, all these things become part of our life journey in a way that enhances who we already are, what we already have, and what we already understand about ourselves, no longer playing the leading role in our ambitions. Art brings forth a sense of self-sufficiency and abundance as a starting point for the areas that need development, rather than through the drama of scarcity or dissatisfaction with what one is or has.
This way, we would find more meaningful, real, and visceral reasons to make healthy decisions, to practice healthy lifestyles—without making the process a battle against the scale, the clock, or anything else. Habit or addiction changes could be approached in less aggressive or confusing ways. Only substantial motivations generate effective and lasting actions. And art is substance.
Thus, we truly add value to the health process. We break the dualistic pattern of pain and pleasure, of beautiful and ugly, of right and wrong, and of the never-ending chase that makes well-being and wholeness feel like a mirage in the desert. Much more value—and therefore effectiveness—emerges when we consider the purpose of health beyond mechanical, objective, commercial, and short-term inspirations.We shift health prevention away from the “diagnostic panic,” thereby avoiding the outsourcing of well-being and self-awareness. And we embrace the health-disease continuum as a journey of discovery, growth, learning, development, and liberation.
In a world undergoing an information race, the new doesn’t have enough time to be digested and integrated into our lives.This is the primary cause of illness in modern times—the etiology of the social disease we are witnessing.
As we live in a shallow world of endless stimuli and virtual treasure hunts, how is it possible to find mental peace, emotional stability, or a sense of security (with the mirror, with information, with relationships, with where we live, and especially, with our own minds) when everything slips away so easily?Human beings find themselves adrift in a stormy ocean, from which thousands of possible directions emerge—but none of them lead anywhere except to distraction, discouragement, and the inability to build a fulfilling life.This process is reflected in the dysfunctions we observe today—anxiety disorders, depression, burnout, ADHD, lack of motivation and will, and an industrialized lifestyle that increasingly harms physical and emotional health.
That’s why one of the answers to this crisis lies in art—by reconnecting with our inner world and engaging with human functions, expression, the simplicity of living, and the freedom of creation. Art does not rely on the countless references we find on screens that reduce and narrow our experience of life. Instead, it strengthens what truly matters and what is genuinely human: contact, depth, lightness, expressiveness, and creativity.
Warm Regards,
Dr. Caio Akaki Borges Moura
M11 Marketing e Comunicação
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